quinta-feira, 7 de junho de 2007
O Universo de Miguel 6
Miguel falava consigo mesmo e dizia:
Vou tentar contar-te duas coisas. Primeira: dizer-te onde estou, segunda: como me sinto. Eu estou aqui e agora e sinto-me mal por isso. Queria estar amanha e depois de amanha e sentir-me bem.
Sinto-me sem saber qual o caminho que devo seguir. Aliás sinto que tenho dois caminhos. Um que representa o que eu “devo” fazer e outro que representa o que eu “quero” fazer. E isso afecta-me em todas as decisões que tomo na vida.
Até agora tenho seguido o caminho que “devo” seguir, mas isso deixa-me insatisfeito. Não me sinto feliz com este rumo. As vezes tenho uma vontade imensa de mudar tudo e começar a alinhar as minhas decisões por aquilo que “quero” fazer. Contudo acabo por chegar sempre a um ponto em que o que “devo” fazer toma conta e traz-me de volta ao “bom” caminho.
Mas há outras alturas em que eu estou a seguir o caminho “desalinhado” que “quero” seguir, tento ir para o “bom” caminho e não consigo.
Tenho uma sensação de que estou sempre do lado errado da situação. E o mais engraçado é que não sei como é que cheguei a esta posição tão incómoda.
Eu quero ser um líder, um avant garde, mas tenho a sensação que o mais provável é ter que me aceitar como um médio, como um normal. E isso custa-me muito.
Eu quero liderar processos, estar à frente, ter sucesso, fazer aquilo que quero fazer. Mas a única coisa que na maior parte dos casos consigo é ficar preso ao meio.
Eu uma vez escrevi que me sentia indeciso entre ser normal e ser maluco e é exactamente assim que eu me sinto. Acho que para conseguir o que quero, no futuro, tenho que ser “maluco” mas para o conseguir tenho que, no presente, ser normal.
É algo muito confuso e é isso que me complica os esquemas. É isso que me dificuldade as decisões. É isso que torna a minha vida uma quase merda se for vista de uma perspectiva futura e uma grande coisa vista do presente. Basicamente para eu ser quem eu gostava de ser estou mal, mas para quem eu vou realmente, até estou muito bem e já fiz muitas coisas.
É assim que eu me sinto e não sei como vai ser daqui para a frente.
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