segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Universo de Miguel 7


A vida é mesmo assim, uns nascem para vir ocupar os lugares dos que morrem. A felicidade dos que nascem é a tristeza dos que morrem, na realidade nem os que nascem nem os que morrem sentem algo. Os que cá já estão, para um caso, e os que cá ficam, para o outro caso, é que sentem.
Hoje eu estou triste, morreu um dos meus exemplos de vida. Morreu de velhice, pois já tinha mais de 90 anos, mas mesmo assim dói.
É preciso perceber o mundo, como é que foi feito. Na realidade tudo acontece por ciclos. Há ciclos em que a vida é melhor, há ciclos em que a vida é pior. A própria vida é um ciclo. A nossa vida encadeia na vida dos outros e assim vêmos os outros nascer, como outros nos viram, a casar, como outros nos viram, a ter filhos, como outros nos viram, a morrer, como os que nós vimos nascer nos verão. É isto que faz de nós pessoas e provavelmente nos faz viver.
Morrer de velho deve ser um orgulho e um exemplo para os que cá ficam.
Sou o neto mais novo da eternamente minha avó que hoje padeceu. Já tenho 16 anos e alguns meses, e só agora me apercebi da morte. Nunca ninguém, tão perto de mim, tinha morrido. Só neste dia percebi o ciclo da vida. Aquele ciclo que me deu à pouco mais de um ano um sobrinho e agora neste dia, me tirou uma avó.

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