segunda-feira, 14 de maio de 2007

O Universo de Miguel 4



Mas este carácter introspectivo de Miguel era coisa que já vinha desde a sua tenra idade. Na adolescência as dúvidas sobre a infância perspectivavam o seu futuro.
A idade dos porquês é mesmo a idade dos porquês!
Já repararam na quantidade de porquês do texto de baixo?
É impressionante.
Mas porquê?
Nesta idade de descobertas tudo necessita explicação.
Porque é que tem que ser assim?
Poderia ser a idade dos ondes!
Por exemplo, nós sentimo-nos mal, tínhamos a primeira insónia e dizíamos; Onde?
Era mais interessante pois passávamos o tempo à procura de coisas mais concretas.
Sítios, e não destas explicações absurdas para coisas absurdas.
Ou em vez de onde poderia ser Quando.
Por exemplo, eu adoro aquela mulher e ela nem olha para mim, mas quando??
Era giríssimo.
Mas não tinha que ser porquê!
Porque é que ela não olha para mim?
Porque é que me dói a cabeça?
Porque é que eu não consigo dormir?
Mais valia ter tentado voltar para trás. Tanta dúvida num só espírito só pode dar desgraça. A verdade é que quem via as coisas de fora da cabeça de Miguel tudo parecia normal. Talvez ele devesse ter seguido uma carreira como actor. Contudo para ele estas dúvidas eram o seu combustível, eram a sua maneira de se manter vivo. Ele era persistente e queria resolver estas dúvidas antes de se poder dar por inútil para o mundo.

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